Por: Felipe Simonetti (@felipesimonetti)
Em Lima, Peru
Há um certo tempo eu acreditava que aplausos, uniformes
limpinhos e gols cheios de efeitos não faziam mais parte do conceito de futebol
ideal. Hoje pude ter certeza disso. É claro que o bom futebol conta muito para
a nota final, mas o espetáculo, a emoção e a vivacidade são essenciais para
apreciar o esporte bretão em sua mais pura essência. O melhor: isso não está
muito distante de nós. Esse clima é padrão nas arenas sudacas e no Estádio
Matute (Lima-PER) senti isso na pele.
Ingressos comprados e lá estamos de volta, eu e minha mãe, ao
mais humilde e perigoso bairro de Lima. Milhares de pessoas cobriam as ruas
próximas ao estádio da capital peruana com suas camisas listradas de branco e
azul, afinal, ali só havia espaço para Alianza Lima cujo elenco seria
apresentado na tradicional Noche Blanquiazul com direito a oração, #JuroPorDiosYPorAlianza e um amistoso diante do modestíssimo Fênix (URU).
Dentre muitas daquelas bondosas almas que me ajudaram a
chegar ao setor Occidental infelizmente
estavam também os barras, que em um choque
com a polícia me fizeram passar por uma mistura de medo e arrependimento de ter
arrastado minha mãe para aquelas confins da viagem de verão. Voltando, contudo,
as boas pessoas lá estava Julio e su
hermana Milagros que também com medo se uniram a nós para nos acomodarmos
nas cadeiras do caldeirão.
Entre filas com centenas de pessoas e uma atmosfera
futebolística o tema “futebol brasileiro” não poderia não aparecer na conversa
e veio da forma mais natural possível. Aprendendo sobre a história do Alianza,
Julio toca em nome que apaixona não só os corintianos, mas descobri que também
os peruanos: Paolo Guerrero. Idolatrado por aqui, Paolo se tornou quem foi pela
humildade e juízo que o fizeram não se aproximar do álcool (destino comum entre
os atletas peruanos). Bom, ao menos foi assim que meu novo amigo cujo pai
conhece famosas personalidades devido à política me explicou a paixão pelo 9.
Além disso, o papo tocou em tudo: desde a formula do
Peruanão à Farfán e Pizarro, passando, é claro, pela pré-Libertadores, na qual
o Alianza enfrentará o Huracán.
Foi tanta conversa que o tempo rapidamente passou e lá estava eu dentro do estádio da forma mais latina possível: corrida atrás dos jogadores que entraram ao meu lado quando menos esperava, admiração com as músicas, sinalizadores e bandeiras que faziam daquela atmosfera, o clima perfeito pra que o verdadeiro futebol acontecesse.
E assim, mais uma vez naturalmente, me envolvi. Vibrei com o
anuncio de cada jogador no telão enquanto apresentavam o elenco para nova
temporada e minutos depois gritava junto de meus amigos del estadio: “Corazón Alianza Lima/
Corazón para ganhar/ a la victoria volveremos/ para verte campeonar” "Cabrón decime que se siente/ ser la venguenza nacional (...)".
Admito que o que os jogadores fizeram em campo não foi nada
demais. Chutes para cá, caneladas para lá, três expulsões (como não poderia
faltar em uma bela espécime de “amistoso” sudaca) e um 1 a 0 fraco. Tratando-se
da qualidade do futebol é claro, porque todo o espetáculo que fez o estádio
praticamente queimar com gritos e sinalizadores me entreteriam de forma única
por mais de 3 horas, tudo sem nem ao menos perceber.
Bom, em um piscar de olhos sumiram mis canchas e mi gaseosa e estou de volta ao hotel (de carona com a gentil família de Julio) escrevendo esta memória que definitivamente não sairá da minha cabeça. Afinal, não foi apenas mais um jogo, mas foi o jogo que me mostrou o que é futebol de verdade.
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