quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Diário de Bordo: uma noite futebolística no Peru




Por: Felipe Simonetti (@felipesimonetti)
Em Lima, Peru

100 soles (cerca de 90 reais) parecia muito pelo risco de ir a um mero amistoso do Alianza Lima e esbarrar com uma barra brava. Bom, de fato, o encontro com os loucos torcedores foi inevitável, mas o preço garantiu não só um bom lugar com boa visão para o campo, mas uma experiência futebolística que só me deu a certeza do que é o verdadeiro futebol.

Há um certo tempo eu acreditava que aplausos, uniformes limpinhos e gols cheios de efeitos não faziam mais parte do conceito de futebol ideal. Hoje pude ter certeza disso. É claro que o bom futebol conta muito para a nota final, mas o espetáculo, a emoção e a vivacidade são essenciais para apreciar o esporte bretão em sua mais pura essência. O melhor: isso não está muito distante de nós. Esse clima é padrão nas arenas sudacas e no Estádio Matute (Lima-PER) senti isso na pele.


Ingressos comprados e lá estamos de volta, eu e minha mãe, ao mais humilde e perigoso bairro de Lima. Milhares de pessoas cobriam as ruas próximas ao estádio da capital peruana com suas camisas listradas de branco e azul, afinal, ali só havia espaço para Alianza Lima cujo elenco seria apresentado na tradicional Noche Blanquiazul com direito a oração, #JuroPorDiosYPorAlianza e um amistoso diante do modestíssimo Fênix (URU).

Dentre muitas daquelas bondosas almas que me ajudaram a chegar ao setor Occidental infelizmente estavam também os barras, que em um choque com a polícia me fizeram passar por uma mistura de medo e arrependimento de ter arrastado minha mãe para aquelas confins da viagem de verão. Voltando, contudo, as boas pessoas lá estava Julio e su hermana Milagros que também com medo se uniram a nós para nos acomodarmos nas cadeiras do caldeirão.

Entre filas com centenas de pessoas e uma atmosfera futebolística o tema “futebol brasileiro” não poderia não aparecer na conversa e veio da forma mais natural possível. Aprendendo sobre a história do Alianza, Julio toca em nome que apaixona não só os corintianos, mas descobri que também os peruanos: Paolo Guerrero. Idolatrado por aqui, Paolo se tornou quem foi pela humildade e juízo que o fizeram não se aproximar do álcool (destino comum entre os atletas peruanos). Bom, ao menos foi assim que meu novo amigo cujo pai conhece famosas personalidades devido à política me explicou a paixão pelo 9.

Além disso, o papo tocou em tudo: desde a formula do Peruanão à Farfán e Pizarro, passando, é claro, pela pré-Libertadores, na qual o Alianza enfrentará o Huracán.



Foi tanta conversa que o tempo rapidamente passou e lá estava eu dentro do estádio da forma mais latina possível: corrida atrás dos jogadores que entraram ao meu lado quando menos esperava, admiração com as músicas, sinalizadores e bandeiras que faziam daquela atmosfera, o clima perfeito pra que o verdadeiro futebol acontecesse.

E assim, mais uma vez naturalmente, me envolvi. Vibrei com o anuncio de cada jogador no telão enquanto apresentavam o elenco para nova temporada e minutos depois gritava junto de meus amigos del estadio: “Corazón Alianza Lima/ Corazón para ganhar/ a la victoria volveremos/ para verte campeonar” "Cabrón decime que se siente/ ser la venguenza nacional (...)".

Admito que o que os jogadores fizeram em campo não foi nada demais. Chutes para cá, caneladas para lá, três expulsões (como não poderia faltar em uma bela espécime de “amistoso” sudaca) e um 1 a 0 fraco. Tratando-se da qualidade do futebol é claro, porque todo o espetáculo que fez o estádio praticamente queimar com gritos e sinalizadores me entreteriam de forma única por mais de 3 horas, tudo sem nem ao menos perceber.


Bom, em um piscar de olhos sumiram mis canchas e mi gaseosa e estou de volta ao hotel (de carona com a gentil família de Julio) escrevendo esta memória que definitivamente não sairá da minha cabeça. Afinal, não foi apenas mais um jogo, mas foi o jogo que me mostrou o que é futebol de verdade.

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